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Eduarda Zoghbi: Da Sala de Aula da Escola das Nações para a Lista Forbes Under 30



Entrevista com a ex-aluna da Escola das Nações Eduarda Zoghbi: destaque na Forbes Under 30 por suas contribuições à crise climática global e justiça social


Cientista política pelaUniversidade de Brasília (UnB) e mestre em administração pública e política energética pela Universidade de Columbia, Eduarda Zoghbi tornou-se referência na América Latina em transição energética e projetos de energia, assim como em mudança climática e gênero. Ela trabalhou em diversas organizações internacionais, como ONU, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento. Já recebeu os prêmios REvolutionaries, Global Youth Visionary, Environmental Education 30 Under 30 e faz parte do programa Women Leaders in Energy in Fellowship do Atlantic Council. Atualmente morando em Nova York, está liderando a expansão do programa Women in Energy (WIN) da Universidade de Columbia para o Brasil. 


Confira a entrevista:


1. Qual foi a sua reação ao descobrir que foi incluída na lista Forbes Under 30 Brasil de 2023?


Me senti muito feliz e surpresa com a publicação. É um reconhecimento que me enche de orgulho!


2. Como descreveria a sua jornada até essa conquista? Poderia nos falar sobre as iniciativas ou projetos que contribuíram para a sua inclusão na lista?


Minha trajetória se fundamentou muito nesse pilar de educação ambiental. Trabalhei em diversas organizações para trazer conhecimento sobre o clima para escolas públicas do DF através do programa Engaja Muito e atuei profissionalmente em organismos internacionais, sempre buscando criar uma ponte entre os grandes fundos internacionais de clima e as prioridades do governo brasileiro. 


Atualmente moro no exterior e me especializei com um mestrado em política energética. Escolhi esse caminho pois acredito ser esse o meu papel: contribuir para uma transição energética justa. Busco promover uma transição inclusiva, que garanta uma representatividade significativa de mulheres, ainda escassamente presentes no setor energético. Além disso, enfatizo a importância de incluir jovens, que representam o futuro e devem ter voz ativa nos processos decisórios, e as comunidades indígenas, cujo conhecimento tradicional é essencial para desenvolvermos soluções eficazes na preservação do meio ambiente.


Outro marco em minha carreira é liderar a expansão de um programa da Universidade de Columbia, chamado Women in Energy. Este programa visa especialmente apoiar mulheres em início de carreira e aquelas que já estão em fase mais avançada, facilitando seu ingresso no setor energético. Atualmente, apenas 34% das posições no setor de energias renováveis são ocupadas por mulheres, um setor que contribui significativamente para o aquecimento global, sendo responsável por dois terços das emissões totais de gases de efeito estufa. Então estou comprometida com o engajamento da juventude, a inserção de mulheres e a promoção de uma transição energética mais justa e equalitária.


3. Além do reconhecimento profissional, quais são os seus planos e metas para o futuro próximo?


Tenho muita vontade de trabalhar no governo. Escolhi estudar Ciências Políticas porque realmente acredito no poder da política e das políticas públicas como motores de mudança social. Então, penso que para diminuirmos os efeitos das mudanças climáticas no Brasil e no mundo, é essencial investirmos em políticas que sejam inclusivas, transparentes e transversais, além de interdisciplinares. 


Isso porque os desafios de hoje são complexos e globais, exigindo soluções que abordem múltiplas questões simultaneamente. Vejo que a Escola das Nações está fazendo um ótimo trabalho ao educar, desenvolver e preparar jovens e crianças para enfrentarem esses desafios interdisciplinares.


4. A Escola das Nações desempenhou algum papel significativo em sua trajetória para alcançar esse reconhecimento?


A Escola das Nações definitivamente me influenciou! A educação que recebi lá me proporcionou uma visão de mundo que foi essencial em minha jornada. A escola incutiu em mim valores e uma visão holística sobre sustentabilidade desde cedo, algo que sempre serviu de guia em minha vida e carreira. A Escola das Nações desempenhou um papel fundamental na formação da minha perspectiva mundial, proporcionando uma base educacional que foi decisiva para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. 


A instituição me ofereceu uma educação que transcende o convencional, enfatizando uma visão holística de paz e cidadania global. Esses valores serviram como guia em minha vida e carreira, me levando em direção a objetivos alinhados com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental.


Meu interesse pela área ambiental foi despertado no quarto ano, quando uma professora apresentou o documentário 'Uma Verdade Inconveniente'. Esse momento foi um divisor de águas, incitando uma paixão duradoura pelo meio ambiente e pela sua preservação.


Sou profundamente grata à Escola das Nações, atribuindo muitas das minhas conquistas à formação que recebi lá. Considero essa fase como uma das mais enriquecedoras da minha vida, tendo construído amizades duradouras que mantenho até hoje. Cada visita à escola revive emoções intensas e reforça meu desejo de contribuir ainda mais para a educação climática e ambiental. 


Reconheço a importância de iniciar essa conscientização desde cedo, pois a educação é uma ferramenta crucial para enfrentarmos a crise climática, o maior desafio do nosso tempo. Acredito que quanto mais cedo as crianças começarem a ver-se como agentes de mudança, melhor preparados estaremos para os desafios futuros.


5. Quais foram os principais desafios que você enfrentou para alcançar esse reconhecimento e como os superou?


Um dos desafios mais significativos que enfrentei foi a percepção da indiferença acadêmica em relação à mudança climática durante meus estudos em ciências políticas na Universidade de Brasília, onde a oferta de conhecimento específico nesta área era praticamente inexistente. Essa lacuna educacional ressalta a necessidade urgente de ampliar a educação em indústrias climáticas.


Com relação ao meu desejo de contribuir para o governo no futuro, tenho como ambição servir como professora voluntária na Universidade de Brasília, propondo um curso sobre mudanças climáticas e transição energética justa. Considero fundamental preparar a próxima geração para enfrentar desafios complexos em áreas críticas, aplicando o conhecimento adquirido durante minha educação no exterior em benefício dos jovens brasileiros.


Quanto à visibilidade proporcionada pela Forbes, desde que me mudei para os EUA, tenho mantido contato constante com mulheres, especialmente via LinkedIn, que buscam orientação para ingressar em áreas similares. Essas conversas semanais com novas jovens, que enfrentam desafios semelhantes aos que eu enfrentei, seja pela predominância masculina no mercado ou pela falta de acesso a informações, educação e oportunidades competitivas, têm sido incrivelmente enriquecedoras.


Muitas vezes, a barreira financeira impede a especialização fora do Brasil, evidenciando a importância de pensar em soluções que incluam bolsas de estudo e apoio educacional para mulheres. Essas iniciativas são cruciais para promover um setor mais inclusivo e igualitário.


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